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Com ensaio sensual, gaiteira protesta por mais espaço a mulheres na música do RS

Gaiteira e cantora Adriana de Los Santos Divulgação/ Lucas Guedes e Rodrigo Vasques A gaiteira e cantora Adriana de Los Santos, de 46 anos, publicou uma séri...

Com ensaio sensual, gaiteira protesta por mais espaço a mulheres na música do RS
Com ensaio sensual, gaiteira protesta por mais espaço a mulheres na música do RS (Foto: Reprodução)

Gaiteira e cantora Adriana de Los Santos Divulgação/ Lucas Guedes e Rodrigo Vasques A gaiteira e cantora Adriana de Los Santos, de 46 anos, publicou uma série de fotos em poses sensuais acompanhadas de uma reflexão sobre o papel e a visibilidade da mulher na música regional gaúcha. O gesto, segundo a artista que já acumula 33 anos de carreira, não teve caráter de provocação, mas sim de protesto silencioso contra o "apagamento" feminino nos palcos e festivais do Rio Grande do Sul. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp “Nos últimos anos, tenho observado com atenção e certa inquietação o quanto nós, mulheres musicistas gaúchas, ainda precisamos lutar para ocupar espaços que deveriam ser naturalmente nossos”, escreveu a gaiteira, que tem na bagagem shows pelo Brasil, Argentina e Europa. “Pode parecer que hoje seja mais fácil se divulgar, mas na prática, o cenário ainda é desigual. Quantos banners de shows você viu, durante a Semana Farroupilha, com mulheres nas divulgações? A presença feminina gaúcha nas programações está cada vez mais rara. Há dois anos observo que os números são quase absolutos — 99,9% das divulgações de eventos apostam apenas em artistas homens", expõe. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Adriana, que ficou conhecida em 2005 como integrante da primeira banda gaúcha formada exclusivamente por mulheres, recorda o contraste entre o passado e o presente. “Naquela época, nós éramos um estouro — Só Gurias —, chegamos a ser capa de revista e fazíamos uma média de 18 shows por mês. Hoje, vejo que a questão não é a falta de qualidade ou talento das mulheres, porque o Rio Grande do Sul está cheio de grandes instrumentistas e cantoras. O problema é a visibilidade: a falta de fomento e divulgação”, relatou. A artista destaca ainda que o seu discurso não é de confronto, mas de "equidade" e reconhecimento: “Respeito profundamente meus colegas músicos (homens), admiro e sou fã de muitos. Mas essa fala não é sobre feminismo de confronto, é sobre equidade — uma busca por reconhecimento e oportunidade justa, que deve vir de todos os lados: contratantes, produtoras, jornalistas, influenciadores e agentes culturais. A luta é silenciosa, mas necessária. Porque equidade não é privilégio — é respeito!”, diz. O protesto encontra coro em outras artistas do gênero. "Concordo plenamente a falta de representatividade feminina em eventos, é hora dei mudar e promover mais oportunidades para as mulheres na música", afirma a cantora e gaiteira Marinês Siqueira, de Santo Ângelo. Já Analise Severo, cantora que possui músicas que enaltecem o protagonismo da mulher gaúcha, a reflexão é necessária. "Acredito que através de um ensaio artístico, onde coloca a gaita como se fosse mais uma parte do seu corpo, Adriana quer chamar a atenção para um reflexão necessária. De fato, se olharmos as programações/banners de eventos, a presença da mulher é muito pequena", opina. Responsável pelo "Galpão das Patroas", espetáculo musical que valoriza, exclusivamente, artistas femininas, o produtor cultural Cássio Scherer admite que há resistência do público à participação feminina em eventos musicais: "Tornei o Galpão das Patroas aberto em praça pública, justamente com o intuito de popularizar essa cultura da mulher protagonizar o palco, pois o evento também serve como ferramenta de mudança, buscando transformar a opinião pública enraizada sobre mulheres serem a minoria", afirma o empresário. A última edição do projeto aconteceu no domingo (19), em Cachoeirinha.